Jesus e Maria Madalena
Artigo de Moacir Sader

Nas diversas histórias contidas na Bíblia, uma apresenta-se intrigante, qual seja, a ligação de Jesus e Maria Madalena.

Em primeiro lugar, faz-se necessário ser dito, de pronto, que não cabe mais a ideia errônea de adjetivar pejorativamente Maria Madalena como pecadora, por ter sido classificada como prostituta pelos textos bíblicos oficiais.

Em verdade, Maria Madalena não foi a prostituta bíblica como tão largamente ficou conhecida por todos os cristãos. Somente o seu nome era o mesmo de outra Maria, daquela que Jesus não permitiu ser apedrejada ao dizer, para os seus algozes, que as pedras poderiam ser atiradas por eles, já que era o costume da época, mas, somente por quem não tivesse nenhum pecado.

No século VI, a Igreja Católica, em comunicado papal, reconheceu, como equivocada, a visão de Maria Madalena como pecadora, embora essa imagem esteja ainda tão estigmatizada.

Com relação a essa visão distorcida e injusta sobre Maria Madalena, pesquisadores das religiões entenderam que essa sua má fama pode ter surgido em virtude do ciúme dos outros discípulos, por ela ser mulher, com fortíssima discriminação naquele momento histórico e, principalmente, por sua especial importância junto a Jesus.

O Mestre do cristianismo ministrava à Maria Madalena conhecimentos espirituais mais profundos se comparados àqueles ensinados aos demais discípulos, situação que veio à tona com a descoberta dos evangelhos apócrifos.

Afastada, portanto, essa visão totalmente inadequada sobre Maria Madalena, resta um olhar muito especial sobre essa importante personagem bíblica e sua relevante atuação em companhia de Jesus e na implantação do cristianismo.

O realce inicia, considerando que Maria Madalena, juntamente com os outros discípulos, viajava com Jesus para todos os lugares em sua peregrinação, situação que, na época, seria inadmissível de acontecer com uma mulher solteira. Possível, portanto, somente se ela fosse casada com um dos homens da comitiva.

Por conta dessa situação inusitada, muitos estudiosos entendem que, provavelmente, o mais lógico ou óbvio seria que Maria Madalena fosse casada com Jesus. Até porque, vale ser complementado, o costume da época não permitia que um homem adulto ficasse solteiro por muito tempo e assim não seria pertinente que Jesus continuasse sem se casar até os seus trinta anos.

Desse modo, sendo casados, seria perfeitamente normal estar Maria Madalena acompanhando Jesus em todos os locais, por ser sua legítima esposa; além do que, segundo os pesquisadores das religiões, o casamento dos dois teria sido um importante ato dinástico e sigiloso, uma vez que estavam sendo unidas as famílias de David, filho de Jessé (Jesus) e de Jônatas, filha de Saul (Maria Madalena), tendo sido o casamento realizado na casa de Simão com a participação de poucos amigos, porque tal ato precisava ficar em segredo para que Herodes Antipas não descobrisse que as duas importantes famílias estavam se unindo dinasticamente.

Essa tese de serem os dois casados, que a princípio muita gente achava absurda, ficou perfeitamente plausível a partir do descobrimento dos evangelhos apócrifos, nos quais se via a literalidade de narrativas sobre carinhos especiais entre Jesus e Maria Madalena, não somente por intermédio de conversas ligadas a temas espirituais profundos, como também em face dos toques físicos, especialmente beijos na boca, conforme encontrado no evangelho apócrifo de Felipe, conforme visto no seguinte trecho:

E a companheira do Salvador é Maria Madalena. Cristo amava-a mais do que a todos os discípulos e costumava beijá-la com frequência na boca. O resto dos discípulos ofendia-se com isso e expressava sua desaprovação. Diziam a Ele: Porque Tu a amas mais do que a nós todos?

Em 19/09/2012, ocorreu publicação no Site da revista Veja, destacando mais uma recente descoberta de manuscrito antigo, documento comprovadamente da mesma época dos outros evangelhos. Nele, consta incontestavelmente a ligação amorosa existente entre Jesus e Maria Madalena, conforme visto no trecho: “Jesus disse a eles: Minha mulher” e “Ela estará preparada para ser minha discípula”. Referia-se Jesus à Maria Madalena.

A par dessa questão de relacionamento de amor dual, entre homem e mulher, outra ligação de âmbito espiritual unia, igualmente, Jesus a Maria Madalena, como muito bem ficou evidenciado em vários evangelhos apócrifos, inclusive no evangelho da própria Maria Madalena, igualmente descoberto em tempos modernos.

Esses ensinamentos, encontrados no evangelho de Maria Madalena e de Tomé, constituem-se, essencialmente, na base dos estudos difundidos pelos espiritualistas que enfocam a necessidade de se buscar a evolução espiritual no interior de cada um, procurando em si a presença divina e tornando-se uno com ela.

A ligação singular de Jesus e Maria Madalena ensejava muitos questionamentos entre os próprios discípulos como se vê na fala de Pedro, abaixo transcrita, do evangelho apócrifo segundo Madalena:

Irmã, sabemos que o Salvador te amava mais do que qualquer outra mulher. Conta-nos as palavras do Salvador, as de que te lembras, aquelas que só tu sabes e nós nem ouvimos (...) Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos ela? Ele a preferiu a nós? Então Maria Madalena se lamentou e disse a Pedro: Pedro, meu irmão, o que estás pensando? Achas que inventei tudo isso no meu coração ou que estou mentindo sobre o Salvador?

Em face desse diálogo entre Pedro e Maria Madalena, Levi interveio:

Pedro, sempre fostes exaltado. Agora te vejo competindo com uma mulher como adversário. Se o Salvador a fez merecedora, quem és tu para rejeitá-la? Certamente o Salvador a conhece bem. Daí a ter amado mais do que a nós. É, antes, o caso de nos envergonharmos e assumirmos o homem perfeito e nos separarmos, como Ele nos mandou, e pregarmos o Evangelho, não criando nenhuma regra ou lei, além das que o Salvador nos legou.

Na passagem acima transcrita, fica evidente que havia competição dos homens, especialmente de Pedro, em relação à Maria Madalena. Tal fato evidencia ser lógica a tese de que a má fama atribuída a Maria Madalena pode ter sido originada exatamente dos discípulos homens com o fito de desqualificá-la como discípula especial que era de Jesus.

O evangelho de Maria Madalena, para complicar ainda mais esse ciúme dos homens, apresenta ensinamentos de Jesus que não foram passados para os outros discípulos ou não foram devidamente compreendidos por eles na fala do Mestre. Entre esses ensinamentos especiais encontramos aquele que diz: o reino de Deus está dentro de cada pessoa e é necessário manter-se em equilíbrio para não atrair doenças e a morte física. Essa visão é plenamente aceita atualmente pela medicina alternativa em todas as suas diversas correntes.

A cura de doenças pela medicina alternativa tem sido realizada através da recomposição do equilíbrio energético tal como acontece, por exemplo, com o Reiki, que dissolve os nódulos energéticos existentes no corpo físico e nos corpos sutis, permitindo o restabelecimento do fluxo normal da energia e a consequente retomada do estado de saúde. Além disso, a energia do Reiki evita, de modo importante, que novas doenças surjam, o que aconteceria se os nódulos de energias densas não fossem dissolvidos.

Nas passagens, a seguir, do evangelho de Maria Madalena, podemos ver essa visão espiritualista de forma inequívoca:

Pedro lhe disse: Já que nos explicaste tudo, dize-nos isso, também: o que é o pecado do mundo?" Jesus disse: "Não há pecado; sois vós que os criais, quando fazeis coisas da mesma espécie que o adultério, que é chamado “pecado”. Por isso Deus Pai veio para o meio de vós, para a essência de cada espécie, para conduzi-la à sua origem”. Em seguida disse: "Por isso adoeceis e morreis [...]. Aquele que compreende minhas palavras, que as coloque em prática. A matéria produziu uma paixão sem igual, que se originou de algo contrário à Natureza Divina. A partir daí, todo o corpo se desequilibra. Essa é a razão por que vos digo: tende coragem e, se estiverdes desanimados, procurai força das diferentes manifestações da natureza. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça.

O mais importante, a meu ver, sobre os evangelhos chamados apócrifos, é que eles enfocam uma espiritualidade intrínseca e não de rituais. Esse tipo de espiritualidade tem sido atualmente praticado por milhões de pessoas em todo o planeta e em número crescente a cada dia, sendo essas pessoas conhecidas como espiritualistas, desapegadas de crenças religiosas, procurando viver a espiritualidade interior. Como bem definido no evangelho apócrifo de Tomé, Jesus disse:

O reino está dentro de vós e também em vosso exterior. Quando conseguirdes conhecer a vós mesmos, sereis conhecidos e compreendereis que sois os filhos do Pai vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis na pobreza e sereis a pobreza.

Se não houvesse os textos apócrifos confirmando essa ligação ímpar entre Jesus e Maria Madalena, seja no âmbito espiritual, quanto de suas ligações de amor dual, os próprios textos bíblicos oficiais já evidenciariam a grande importância dela para Jesus, por segui-Lo em todos os lugares; por ter estado o tempo todo próximo ao local de sua crucificação, enquanto os outros apóstolos se esconderam de medo; e, especialmente, por ter sido a primeira pessoa que Jesus escolheu para se encontrar após a sua ressurreição.

Evidente que tudo isso não pode ser visto como mero acaso ou sem a devida importância. É inconteste que a ligação existente entre os dois se constituiu em algo profundo e significativo, além dos parâmetros tratados ou interpretados pelas religiões a partir dos próprios textos oficiais.

Embora a importância de Maria Madalena seja ímpar na Bíblia por estar o tempo todo ao lado de Jesus, antes de sua morte, durante a crucificação e após a ressurreição, como referenciado acima, os textos apócrifos vieram inapelavelmente enfatizar a ligação espiritual e sublime existente entre eles.

Nessa mesma linha de destacada importância, várias informações canalizadas vêm enfatizando a ligação existente entre Jesus e Maria Madalena como sendo uma união de almas gêmeas. A encarnação dela na Palestina, por conta disso e pelo que se sabe, diante dos informes dimensionais, teve por objetivo dar apoio à importante missão de Jesus porque se sabia, de antemão, que a empreitada do Mestre Espiritual não seria nada fácil.

Em primeiro lugar, a complexidade acerca da vinda de Cristo e de Maria Madalena residia no fato de serem os dois bastante evoluídos espiritualmente, oriundos de dimensões elevadas, o que gera grande dificuldade de viver na baixa densidade da terceira dimensão. Em segundo lugar, a adversidade estava no propósito de trazer ao planeta novas visões espirituais, contra tudo o que se tinha até então, o que iria gerar, inevitavelmente, a intervenção de forças negativas.

A luta não foi tarefa simples (e nem poderia ser), que muito do que Ele efetivamente ensinou acabou sendo deturpado ou excluído da Bíblia, tal como aconteceu com inúmeros evangelhos reconhecidos por informe da Igreja. Tudo manipulado por Constantino, quando do Concílio de Nicéia no ano de 327, pois, que se visava, primordialmente, a unificação do império romano, de tal maneira que muitas visões das diversas religiões da época foram introduzidas na Bíblia para agradar às diversas correntes, como mencionei anteriormente.

Além disso, nos romances Conspiração Interdimensional e Conspiração Interdimensional 2 Libertação, refiro-me exatamente a outras forças que agiram naquele momento histórico com o fito de desqualificar a atuação de Jesus, levando-O, inclusive, à morte como insurreto e, por isso, a sua crucificação, tipo de punição basicamente aplicável às pessoas que se rebelavam política ou socialmente contra Roma.

Em um dos meus encontros astrais com Jesus, já referidos, Ele me disse que muitos de seus ensinamentos, de quando esteve na Terra, foram deturpados, não contemplando ao que de fato Ele ensinou. Neste encontro, Ele estava acompanhado de Maria Madalena, evidenciando o que já se sabia: nos elevados planos espirituais, Jesus e Maria Madalena estão juntos e são almas gêmeas.

Lamentavelmente, por razões vãs ou ignorância, apresenta-se de modo absurdo o conceito de que o sexo seja algo menos nobre ou pecaminoso e não cabível de ser vivido por seres elevados ou com missões espirituais. Este conceito errôneo é descabido, posto que as energias geradas pelos sentimentos e pela relação sexual mostram-se altamente positivas, não somente para o casal, mas, afeta igualmente e de forma salutar tudo o que é externo e, consequentemente, inclui o planeta, ajudando-o em seu progresso espiritual. Assim, quanto mais ligação de almas gêmeas acontecerem na Terra, mais rapidamente estará o planeta no caminho ascensional.

Não se pode, portanto, desassociar o amor incondicional de Jesus do seu especial sentimento por Maria Madalena, acontecido reciprocamente enquanto viveram na Terra e tal como ainda está sendo esse amor compartilhado nos planos astrais superiores, onde os dois vivem juntos, configurando-se em puro amor de almas gêmeas.


Luz, amor e conhecimento.

Moacir Sader
Mestre de Reiki Usui, Karuna e da Chama Violeta